A melancolia de querer viver o futuro.


Estou sentada com a minha família, bebendo, rindo e relembrando memórias há muito esquecidas… algumas doces e outras amargas. Momentos que na época eram insignificantes, mas hoje os guardo com saudades.

A sensação do calor de verão me envolve, me acolhe e relembro do tempo em que tudo era novo e eu queria descobrir.

Acontece que minha juventude foi um reflexo de meus desejos.

 Eu queria crescer, tocar, sentir, ver...

A frustração de querer viver, me deixava muitas vezes melancólica. Melancolia que eu equilibrava tentando trazer alegria para as pessoas ao meu redor. Eu me sentia como Justine de The good girl, não tão deprimida, mas sem ver um futuro, somente observando o tempo passar e aceitando tudo que me era dado.

 Espirituosa, meus pais diziam.

Idealizar algo é ao mesmo tempo se frustrar com a realidade. Mas, sonhar não faz mal.

Meus sonhos eram bobos, diria que até mundanos, nada inovadores, simples, mas definitivos. E essa ansiedade de vivenciá-los, me fazia acreditar que tudo ao meu redor era, talvez, sem graça.

Isso significa que não vivenciei o presente? Não!

Na época, eu pensava que viver era correr, rápido, como os carros de Gone in 60 second. Não foi bem assim, mas eu vivi, fui e sou feliz. Criei boas lembranças, chorei, ri, disse eu te amo, me frustrei, conheci pessoas boas, vi lindos lugares, abracei os meus pais, respirei o ar das mais belas manhãs e fui amada. 

Eu vivi e vivo.

Eu tinha muita ambição, mais que o Tony Montana, mas com 45 anos, estou relaxada. A pressa e a adrenalina da juventude passaram. O medo de não experimentar tudo se foi. E a velha melancolia deu lugar à saudade.

O ritmo que prevalece é o de simplesmente viver, de verdade, sem preocupação ou cobrança com o futuro.

Enquanto o Sol aquece o meu corpo, sinto que o meu passado me fortaleceu e hoje admiro quem eu fui e sou.

                                         CLARA R.                                              ❤

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